A revista Veja (Edição2275 - ano 45 - nº 26 27 de junho
de 2012) publicou uma matéria sobre
Gorduras e suas percepções desde os anos 80 até hoje. Já tachada como vilã e
como mocinha, as gorduras saturadas e insaturadas tem uma grande repercussão em
seus malefícios e benefícios até hoje.
A reportagem inicia-se com a informação que na década de 50
era aceito que gorduras saturadas faziam mal ao coração, aumentando a chance da
aterosclerose e que gorduras insaturadas faziam bem ao coração, diminuindo a chance
da aterosclerose. Assim então, uma dieta saudável seria aquela em que há grande
consumo de gorduras insaturadas e pouco consumo das saturadas. Porém, a Revista trouxe que após
estudos mais recentes, descobriram que a gordura saturada não é tão ruim. Seu limite diário de consumo foi aumentado de 7% para 10% das calorias ingeridas
na dieta. Depois começou-se a levar em consideração as grandes vantagens das
gorduras pro nosso organismo, como a composição das membranas plasmáticas das
células e a ajuda no armazenamento das proteínas A, D, E e K. Outro ponto
analisado foi sobre os tipos de gorduras saturadas, que são quatro: láurica,
mirística, palmística e esteárica, estando estas assim, em ordem decrescente de
periculosidade. A Revista também citou o grande
aumento do consumo de carboidrato após o grande repudio as gorduras, o que não seria de grande vantagem ao organismo, já que o carboidrato tem uma absorção muito
rápida, causando picos de insulina, o que poderia gerar, com o tempo, resistência
das células à insulina e consequentemente um aumento de risco de diabetes e
lesões arteriais. Na reportagem também há um quadro onde encontra-se
informações sobre a hipercolesterolemia familiar, que é uma doença genética
relacionada a taxas altíssimas de colesterol LDL.
Esses estudos e mudanças de concepções sobre as gorduras
foram feitos desde a década de 50 até os dias atuais, e o que pode-se observar
é que com o tempo houve um reconhecimento da importância das gorduras para
nosso corpo.
Apesar de conter dados de suma importância e uma linguagem
acessível para qualquer público que leia a reportagem (e não somente para médicos
e nutricionistas), temos que dar ênfase a alguns aspectos.
O tempo inteiro a
Revista se refere ao LDL como "colesterol ruim", o que já foi
desmitificado aqui mesmo no nosso blog
(http://gorduraetal.blogspot.com.br/2012/05/colesterol-meios-de-transporte.html).
Além disso, também está em discussão a questão do HDL ser chamado de
"colesterol bom". Uma matéria publicada no The Lancet em 11 de agosto
de 2012 desassocia o colesterol HDL da diminuição de riscos de infarto do
miocárdio, o que consequentemente tira do mesmo o cargo de ser "bom".
Como já é de nosso conhecimento, tanto o HDL quanto o LDL são importantíssimos
para nosso organismo, mas em doses adequadas.
será????
Também encontra-se na reportagem da Veja a informação que as
indicações de consumo diário de gorduras saturadas passou de 7% para 10%, mas
de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia os níveis recomendados de
gorduras sempre foram de até 10%, exceto para pacientes com colesterol alto ou
outras doenças cardiovasculares.
Outro ponto que deveria ser abordado pela revista são as
gorduras poliinsaturadas e monoinsaturadas. É de grande importância que haja a
diferenciação das mesmas, já que essas possuem consequências diferentes ao
nosso organismo. Dentro das poliinsaturadas encontram-se o ômega 3 e o ômega 6.
Como exemplos de alimentos que contenham o ômega 3 está o óleo de girassol e
soja e que contenham o ômega 3 a linhaça e os
peixes. É imprescindível que haja o equilíbrio de consumo entre o ômega
3 e o ômega 6 para um bom funcionamento do corpo. Com monoinsaturadas, encontra-se
o abacate, o azeite de oliva e as castanhas.
A gordura trans também não foi muito abordada pela Revista,
o que gera preocupação, pois esta é uma das mais danosas ao organismo, já que
causa alterações no metabolismo lipídico do corpo. A gordura trans é utilizada
para melhorar a consistência e o sabor dos alimentos. Essa gordura é de tal
importância que desde o dia 01 de agosto de 2006 é obrigatória as informações
de quantidade de gorduras trans presentes em todo e qualquer alimento. Sua
recomendação diária é de "o mínimo possível". Na figura abaixo encontram-se exemplos de alimentos com alta quantidade de gordura trans:
Além disso, quando a Revista se refere à troca do consumo de
gorduras pelos carboidratos como "a pior coisa que aconteceu na
alimentação nos últimos 50 anos", ela se esquece de citar o tipo de
carboidrato consumido, pois o integral, por exemplo, possui grande quantidade
de fibras e pouca de açúcar, o que faz dele não tão vilão assim (além de necessário) pro nosso organismo quanto os carboidratos não integrais.
Resumindo toda essa história, podemos concluir que é de mera
importância o consumo tanto de gorduras saturadas quanto de insaturadas, porém sempre
com moderação. Além disso, também é de mera importância o conhecimento sobre o
tipo de gordura presente em cada alimento, pois isso interfere muito em seus
malefícios ou benefícios. O segredo todo está em uma dieta balanceada.
Apesar da grande quantidade de estudos e pesquisas, gorduras
é um assunto que ainda trará muito que falar no ramo da nutrição ao longo dos
próximos anos.